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segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

NO CAFEZINHO

janeiro 12, 2009


O Governo Federal indenizou na semana passada mais 111 presos políticos do regime militar. De uma forma um tanto quanto metódica, o governo vem estipulando
Essas indenizações para beneficiar famílias e presos políticos daquela época que passaram por diversas privações ou chegaram à serem assassinados por exercerem o direito livre do pensamento, estabelecido na Declaração universal dos direitos humanos. Na Ditadura todos os que tiveram o pensamento Iluminista ou mesmo se mostraram contrários à política autoritária, foram vítimas de algozes governistas e de seus comandados, tiveram bloqueados o direito da liberdade de viver, de escolher.
Essa indenização seria uma carta definitiva de alforria? Dizendo: “Olha, desculpe os nossos antecessores, Sua vida agora vai mudar com esse dinheirinho.”?
para quem leva como prioridade a sua ideologia e fez isso enfrentando todas as conseqüências naquela época, a indenização do governo não vai fazer a ressurreição das vidas de alguns nem tampouco, amenizar a mácula do passado negro que os livros de História ainda trazem hoje de uma forma tão eufemista. Talvez esse eufesmismo ao tocar nesse assunto seja por uma coordenação articulada dos representantes do país, ou mesmo pela vergonha de tentar explicar porque vivemos por mais de 20 anos, um período de intransigência destrutiva na arbitrariedade de todos os brasileiros. Um dos principais direitos do ser humano é o direito livre de ir e vir, esse direito infelizmente desde aquela época vem sendo cerceada. Em outrora pelo pensamento, pelo confronto de idéias, nos atuais tempos, pela violência nas grandes cidades fazendo que muito de nós se sinta em Chigaco nos anos 40.
Ao menos nos dias de hoje, qualquer um pode ser um Rosseau, Voltáire ou imaginar o mundo na visão poética, ilustrada e dizer de qual maneira as coisas deveriam ter sido conforme a sua ótica, conforme a sua visão de mundo. Alguns dos amigos do passado estão mortos, os que não tiveram a vida cerceada ao menos perderam a vontade de lutar pelo que quer que fosse simplesmente, pela constante imagem da insanidade, do terror. Hoje qualquer um pode sonhar em ser um Imortal, para ser um Imortal não precisa ser o Highlander ou encontrar algum tipo de elixir da longa vida. Para ser imortal, basta fazer algo notável que sirva de inspiração para as futuras gerações. Van Gogh, Beethoven, Shakespeare, todos viveram há muitos séculos atrás e tiveram o privilégio do pensamento e puderam a oportunidade de realizar vários feitos notáveis.
Nós também temos esse privilégio, temos a liberdade de expor e contrapor idéias e fazer coisas fora do usual. Comece agora mesmo escrevendo algo que ache importante, explore mais o porquê de certas coisas, aproveite essa liberdade. Afinal, é uma das poucas coisas que nos resta, para que não nos lembremos dos nossos amigos que sofreram há algumas décadas pelos ominosos tempos do regime militar e tiveram sua vida chafurdada na lama e no ostracismo pessoal e político.
* Guto Brandão escreve a coluna "No cafézinho" todas as segundas feiras.

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